Do tempero das saladas a frituras mais saudáveis, o azeite de oliva está presente na mesa da maioria dos brasileiros, no entanto, as secas que atingem as plantações de oliveiras na Europa têm elevado o preço do produto, levando os consumidores de Mato Grosso do Sul a optarem por opções mais viáveis como o óleo composto.
A venda do chamado óleo composto é permitida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde que a informação esteja clara ao consumidor, o problema é que, a similaridade dos rótulos e a disposição dos produtos nas prateleiras acabam enganando o consumidor que adquire o item acreditando se tratar de um azeite comum.
“Quando se tratar de óleos e gorduras vegetais compostos destinados ao consumidor final, os percentuais de cada tipo de óleo devem ser declarados na lista de ingredientes. Não podem ser utilizados nomes genéricos para a declaração de óleo composto na lista de ingredientes”, estabelece a legislação.
Nutricionista e mestre em Saúde e Desenvolvimento, Melina Ribeiro Fernandes explica que não existe composto prejudicial à saúde nos óleos vegetais comestíveis, no entanto, a opção mais barata não é benéfica como o azeite natural.
“Os óleos vegetais e gorduras vegetais são constituídos principalmente de glicerídeos de ácidos graxos de espécie vegetal, e fontes de ômegas 6 e 9. Podem conter pequenas quantidades de outros lipídeos como fosfolipídeos, constituintes insaponificáveis e ácidos graxos livres naturalmente presentes no óleo”.
Dessa forma, os óleos mistos ou compostos são obtidos a partir da mistura de óleos de duas, ou mais espécies vegetais como soja, milho, girassol e um pequeno percentual de azeite de oliva.
Já o azeite de oliva virgem é obtido a partir do fruto da oliveira somente por processos mecânicos ou outros meios físicos, em condições térmicas, que não produzam alteração do azeite, e que não tenha sido submetido a outros tratamentos além da lavagem, decantação, centrifugação e filtração.
Segundo produto mais fraudado do mundo
O azeite é o segundo produto alimentar mais fraudado do mundo, atrás apenas do pescado. Conforme levantamento do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), 84% dos azeites de oliva importados como extravirgem são fraudados, o que pode, inclusive, causar danos à saúde.
Em um cenário de alta demanda, escassez de matéria-prima, alto valor agregado e preços elevados, empresas encontram a oportunidade perfeita para adulterarem o produto e ampliarem a margem de lucro.
O tipo de fraude mais comum consiste na mistura de óleo de soja com corantes e aromatizantes artificiais. Também são encontrados casos de azeite de oliva refinado vendido como azeite extra virgem.
Se o rótulo estiver fraudado, é impossível que o consumidor identifique alterações nos produtos ao examiná-los na prateleira do mercado, dentro da embalagem. Por isso, conhecer as qualidades de um bom azeite e identificar algumas características comuns em fraudes são formas de se proteger.
Para evitar essa prática, o Mapa realiza operações periódicas junto à Anvisa. Em 2021, os órgãos identificaram uma rede de fraudadores que atuava em todo o país, a operação resultou em mais de 150 mil garrafas apreendidas e a proibição da venda de 24 marcas do produto.
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Como não cair em fraudes?
Na hora das compras, a recomendação é se atentar ao rótulo e ter em mente que os dois produtos não possuem os mesmos benefícios. Caso identifique que o rótulo é enganoso e o azeite foi fraudado, a orientação é denunciar para a vigilância sanitária.
Composição: O azeite de oliva virgem pode ser classificado em três tipos: o extra virgem (acidez menor que 0,8%), virgem (acidez entre 0,8% e 2%), lampante (acidez maior que 2%). Os dois primeiros podem ser consumidos in natura, mantendo todos os aspectos benéficos ao organismo. O terceiro, tipo lampante, deve ser refinado para ser consumido, quando passa a ser classificado como azeite de oliva refinado.
Já o óleo composto contém outros óleos vegetais, como os de soja, girassol e milho. Por isso, não tem as mesmas propriedades do azeite, que por sua vez, é fonte de gorduras boas, ácidos graxos e vitamina E.
Preços: O preço do azeite está muito mais barato que a maioria? Preços muito baixos são um forte indicativo de que o produto não se trata de azeite ou pode ter sido fraudado.
Embalagem: Vidros mais claros ou transparentes também são indícios de adulteração. O azeite de oliva considerado bom possui o vidro mais escuro, pois isso evita que o óleo se oxide em contato com a luz.
Validade: Para evitar golpes também é essencial analisar a procedência do azeite no rótulo, e a data do envase. Quanto mais recente for o dia do lote, melhor será o produto na questão de sabor e mais nutrientes ele manterá.
Conheça as marcas: No site do Ministério de Agricultura, é possível verificar uma lista com as marcas que tiveram azeites recolhidos em situações anteriores e evitá-las na próxima compra: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/.
Rótulos imprecisos podem gerar multa aos estabelecimentos
Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a fiscalização de produtos de gêneros alimentícios em mercados de Campo Grande é feita dentro da rotina da Vigilância Sanitária ou por meio de denúncias. Em caso de suspeita de irregularidades na composição, o produto é apreendido e levado para análise e estabelecimento poderá ser autuado.
Vale ressaltar que é preciso analisar se o produto está seguindo as regras de rotulagem, por isso a Vigilância Sanitária fiscaliza se todos os componentes estão devidamente claros na embalagem.
Como a venda do produto não é proibida, a orientação é que os consumidores fiquem atentos às informações presentes no rótulo dos produtos.
“Existem diversas permissibilidades dentro da indústria alimentícia que possibilitam a adição de compostos sem que o produto seja descaracterizado. Desta forma, é necessário analisar o mesmo de maneira individual”, alerta a Sesau.
Segundo a nutricionista, entre as alternativas mais saudáveis estão o óleo de girassol, óleo de coco e óleo de abacate, que além de saudáveis não são transgênicos.
“Os óleos vegetais que são mais saudáveis para saladas e consumo frio, são os que possuem mais gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas”, explica Melina.
O que determina o Procon?
O Procon/MS orienta o consumidor a se atentar à composição e aos rótulos dos produtos para não serem induzidos ao erro no processo de compra. Aos fabricantes, reforçam que é necessário diferenciar o azeite do óleo composto, o Procon determina que se evite colocar os produtos lado a lado, de forma a confundir o consumidor.
As fiscalizações do Procon ocorrem mediante denúncias, que podem ser feitas pelo Disque Denúncia, no número 151, através de formulário online “Fale Conosco”, e por solicitações aos órgãos públicos representativos.
*Midiamax, Lethycia Anjos