Os conflitos em áreas rurais no Brasil estão crescendo, especialmente nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná. Nos últimos dias, representantes do setor produtivo, federações e parlamentares se reuniram para buscar soluções e garantir a aplicação da lei do Marco Temporal.
No Mato Grosso do Sul, a reunião contou com a presença de parlamentares, representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e do Procurador da República. O encontro ocorreu na segunda-feira (22), em Dourados, na sede do Ministério Público Federal (MPF).
O presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, ressaltou a importância de respeitar a Constituição e o direito de propriedade. Ele destacou que as invasões e ameaças são crimes e não ajudam na busca por soluções pacíficas. Bertoni afirmou que a Famasul está comprometida em colaborar com as autoridades para garantir a segurança no campo e o respeito ao Estado Democrático de Direito.
A senadora Tereza Cristina (PP-MS) e os deputados federais Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira, além do deputado estadual Coronel David e do procurador da República Marco Antônio Delfino, participaram da reunião. Uma nova discussão está marcada para a próxima segunda-feira (29), quando o MPF deve apresentar propostas para resolver a insegurança e evitar novas invasões.
Produtores rurais também realizaram um protesto em frente à sede do MPF, destacando a tensão e os prejuízos causados pelas invasões, especialmente na região de Panambi-Lagoa Rica. Claudio Pradela, presidente do Sindicato Rural do município, afirmou que os produtores estão preocupados com a perda de suas plantações e propriedades devido às invasões.
A advogada especialista em Direito Constitucional, Luana Ruiz, explicou que o processo de demarcação de terras indígenas na região é complexo e cheio de falhas. Segundo ela, a identificação de terras pela Fundação Nacional do Índio (Funai) foi anulada por uma decisão judicial, mas as comunidades indígenas ainda tentam tomar posse das áreas de forma forçada.
Os conflitos não se restringem ao Mato Grosso do Sul, mas também ocorrem no Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia, onde pequenos produtores rurais enfrentam invasões e depredação de suas propriedades. A situação é agravada pela violência e destruição causada durante os confrontos.
A advogada questionou se reuniões semelhantes às realizadas com produtores e autoridades foram feitas com as comunidades indígenas para discutir a ilegalidade das invasões. Ela destacou a necessidade de seguir o devido processo legal para resolver as disputas fundiárias de maneira justa e pacífica.
A região de Douradina vive um momento tenso com a recente invasão de pequenos lotes por indígenas da etnia Guarani-Kaiowá. A situação é um exemplo das dificuldades enfrentadas em várias partes do Brasil, onde o conflito fundiário se intensifica.